Neste domingo, um dia depois de sua declaração oficial de independência, o Sudão do Sul deu o pontapé inicial em sua história no futebol em um amistoso em Juba, a capital do novo país, contra o Tusker, equipe do Quênia. Para os torcedores presentes no Juba Stadium, o resultado - uma derrota de 3 a 1 - foi o que menos importou. Eles estavam ali para celebrar o primeiro jogo da nova equipe que sonha em brilhar nos gramados do planeta para fazer jus ao apelido que ela acaba de ganhar "Bright Star". - Tenho muita sorte de finalmente poder jogar pelo meu país - disse o atacante James Joseph, ao jornal inglês "The Guardian".
Joseph fez o primeiro gol da história do Sudão do Sul aos 10 minutos do primeiro tempo. A equipe acabou levando a virada com dois gols contra, mas a derrota esteve longe de ser lamentada. Era apenas o primeiro passo de uma seleção cujos dirigentes prometem que vai disputar em breve as principais competições. Por enquanto, a Copa do Mundo é um sonho distante. Talvez para 2018. Para 2014, o Sudão do Sul não poderá disputar as eliminatórias, pois ainda precisa se filiar a Fifa, mas os dirigentes estão otimistas com o futuro da seleção. - Não estamos preocupados com o presente ou com o resultado dos nossos primeiros jogos. Mas sei que o Sudão do Sul tem um belo futuro pela frente. Depois de dois ou três anos, o Sudão do Sul estará disputando a Copa Africana de Nações - afirmou o diretor da Federação de Futebol do país, Rudolf Andrea na semana passada. James Joseph, o autor do primeiro gol, joga no Goa, da Índia. Ele nasceu em Nimule, mas cresceu em Cartum durante a guerra civil do país que durou 21 anos. Ele fez questão de viajar para o período de 15 dias de treinos antes da partida.
O resto do time foi formado por jogadores que até a semana passada faziam parte da seleção do Sudão, além de atletas de clubes locais. O capitão do time é o atacante Khamis Leiluno, de 23 anos, da cidade de Wau, e que sequer fala inglês, a língua oficial da nova nação.
- Estamos prontos para dizer ao mundo que o Sudão do Sul está aqui - disse o atacante ao "Guardian", que contou com a providencial ajuda do meia e dublê de tradutor Justin Wani para mandar o recado.
Já o goleiro Yahaya Abas joga por um clube amador em Juba, ou seja, não recebe um centavo para entrar em campo. - Aqui jogamos por amor ao jogo.
A separação do Sudão foi aprovada num referendo em janeiro por 99,8% da população. Salva Kiir, ex-líder do movimento rebelde Exército Popular de Libertação do Sudão (SPLA), tomou posse no sábado como novo presidente.
O novo país nasce com 8,5 milhões de habitantes, sendo que 90% da população é pobre e entre 75% e 85% dos adultos são analfabetos. Apenas 48,3% da população tem acesso a água potável. A economia dependerá das reservas de petróleo que o novo país tem. E o futebol será um dos meios para tentar unir o país.
- O futebol é um meio de deixar as pessoas unidas - afirmou o técnico Malesh Soro.
A julgar pela lotação do estádio e a empolgação dos torcedores, o trabalho do time começa a dar certo.
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