Fundado em 29 de dezembro de 1900 o Club Athletico Paulistano sediado em São Paulo formou um importante clube de futebol no início do século XX, tendo vencido o Campeonato Paulista de Futebol onze vezes (1905, 1908, 1913, 1916, 1917, 1918, 1919, 1921, 1926, 1927 e 1929). Até hoje, o Club Athletico Paulistano, que fechou seu departamento de futebol em 1929, é o único clube a ter sido tetracampeão paulista consecutivamente, em 1916, 1917, 1918 e 1919. Nenhum clube paulista conseguiu igualar tal marca. O CAP foi criado por paulistanos que queriam um clube que incentivasse a prática de esportes e que pudesse ser frequentado por suas famílias. Na virada para o século XX, as agremiações da cidade eram redutos quase que exclusivos de imigrantes e seus filhos. O recém-fundado Paulistano precisava de uma sede esportiva e encontrou o espaço perfeito: o Velódromo. Antônio Prado Júnior estava entre os líderes do grupo e conversou com sua avó, dona Veridiana Prado, proprietária do local. O aluguel foi acertado em 250 mil réis mensais e o CAP ganhou sua primeira sede. O gramado foi posicionado no centro da pista de ciclismo.
Após anos de crescimento, o Paulistano sofreu um duro golpe em 1915, quando ficou muito perto de fechar as portas. A Prefeitura avisou que o Velódromo seria demolido para que a rua Nestor Pestana fosse aberta. O que se seguiu foi praticamente um abandono. No final de 1915, o Clube contava com apenas 30 sócios. O espírito do Clube, porém, não morreu. Liderado por Antônio Prado Júnior, João de Barros, Fernão Salles, Martinho Prado e Carlito Aranha, o Paulistano seguiu vivo. O campo do Parque Antártica foi alugado, já que o time de futebol ainda era um dos melhores do Estado. O grupo buscava um novo terreno, e encontrou um bom espaço em um bairro que ainda estava surgindo: o Jardim América. Na realidade, a área era composta por um solo que lembrava um pântano e muito precisava ser feito. Em meio a negociações, comprou-se o terreno e as obras, que demoraram cerca de um ano e meio, começaram em 1916. Aos poucos, os sócios voltaram. Em dezembro de 1916 eram 104. Um ano depois totalizavam 706. A data oficial do renascimento do Paulistano é 29/12/1917, quando a nova sede foi formalmente inaugurada. Na ocasião, muitas personalidades compareceram, como o então prefeito e futuro presidente Washington Luís, o presidente do Estado, Altino Arantes, que enalteceu os esforços da Diretoria em discurso, e o poeta Olavo Bilac, responsável por hastear a bandeira do Clube. Além da casa que servia como sede social, o Clube fundado na segunda década do século XX possuía o campo de futebol e suas arquibancadas e quatro quadras de tênis. Quando, no final de 1929, a Diretoria do Clube resolveu acabar com o time por discordar da era do profissionalismo no futebol, o CAP já havia conquistado 11 títulos paulistas, feito superado apenas pelos quatro grandes até hoje. O tetracampeonato estadual de 1916 a 1919 jamais foi igualado. Apesar de tantos títulos, muitos consideram a maior glória do Paulistano no futebol um feito que nada teve a ver com campeonatos. É difícil ter a exata noção do que foi a excursão do Paulistano pela Europa em 1925. Atualmente, com meios de transporte cada vez mais sofisticados e velozes, equipes de diferentes países atuam nos quatro cantos do planeta sem alarde. Porém, há 85 anos, quando o CAP embarcou no navio Zeelândia rumo à fria Europa, na primeira viagem oficial de um clube brasileiro ao continente, levou com ele um país. Estava em jogo muito mais do que futebol. E Friedenreich e companhia tiveram desempenho espantoso. Após dez jogos disputados, voltaram com nove vitórias, 30 gols, oito sofridos e um apelido, criado pela imprensa francesa: os reis do futebol. Quando os atletas do Paulistano chegaram ao Brasil, foram aclamados como verdadeiros campeões mundiais.
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